Webinar: As possibilidades de criação de emprego graças à revolução digital

Seminário Preparatório

V Fórum de Desenvolvimento Económico Local

28 de janeiro de 2021

RESUMO

Apresentação do webinar

Carles Llorens, secretário-geral da ORU Fogar.

Em nome do Comité Organizador do V Fórum de Desenvolvimento Económico Local, que será organizado em Córdoba, Argentina, em maio de 2021, o secretário-geral da ORU Fogar deu as boas-vindas e apresentou o conteúdo do webinar. Para colocar a situação em perspectiva, recordou que a pandemia teve um efeito tremendo no emprego: segundo dados da OIT, no final de Agosto, a perda de locais de trabalho em todo o mundo devido à COVID-19 era de 495 milhões. Mas, antes, a insegurança no emprego era um problema estrutural. Estando no Cone Sul da América Latina, disse, não devemos esquecer as mobilizações que, em 2019, por esta questão, houve no Chile, e que na Argentina foram canalizadas para eleições, mas que também vimos no Equador, Colômbia, Venezuela, Nicarágua e outros locais do mundo. Os jovens, em grande parte, lideraram estas manifestações massivas, descontentes com a insegurança laboral e com as dificuldades de encontrar empregos de qualidade, de acordo com a sua formação. Llorens indicou que os especialistas, e mencionou o nome de Jeremy Riffkin, autor de “The End of Work”, salientam que no futuro imediato existem dois grandes espaços onde se pode criar emprego: a digitalização e a transição energética. O webinar deve abordar o primeiro dos temas. Certamente não esgotará todas as suas dimensões, pelo que deverá ter continuidade no próprio Fórum, da mesma forma que deverá também tratar a transição energética; Não é em vão que as alterações climáticas nos levam a abandonar as energias fósseis e a optar pelas renováveis.

Abertura

Manuel Fernando Calvo, vice-governador de Córdoba, Argentina.

O Vice-Governador aplaude a realização do Fórum, e destes webinars preparatórios, como um espaço fundamental de diálogo, neste momento de pandemia, para o desenvolvimento económico. Estes espaços, explica, são mais úteis para promover políticas de desenvolvimento económico. As fronteiras estão a ser redefinidas. Muitos problemas, porém, são partilhados e por isso as soluções também podem ser partilhadas. É por isso que partilhar esta experiência é da maior importância. Diz que devemos participar na revolução digital. Afirma que hoje o acesso à Internet deve ser considerado um direito humano. Para Manuel Calvo, devemos apostar na democratização da tecnologia, o que significa evitar a divisão urbano-rural, bem como a social. Assim, a educação, a inclusão, o acesso à tecnologia e a promoção e apoio aos empreendedores são fundamentais para pensar o futuro. O Vice-Governador de Córdoba inaugurou assim o 2º seminário preparatório do V Fórum LED, destacando a importância de todos os setores, públicos e privados, se adaptarem ao mundo digital e promoverem a criação de emprego, não deixando ninguém para trás.

Bruno Quick, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

O diretor técnico do SEBRAE, associação empresarial, que organizou o III Fórum LED em Foz d’Iguazú, Brasil, participou na abertura do webinar, colocando as dificuldades de criação de emprego no presente e as possibilidades que o mundo digital abre acima. Bruno Quick afirmou que a revolução digital pode ter um impacto positivo, quando integrada na economia e na sociedade em crescimento. Não quis deixar de salientar, porém, o perigo de as vantagens não serem distribuídas de forma equitativa. Existe o perigo, explicou, de estas vantagens ficarem nas mãos de quem as cria e não chegarem à população em geral. Assim, demonstrou preocupação com o acesso à tecnologia e à conectividade. Neste sentido, destacou três áreas em que o acesso ao mundo digital deve ser preocupante: o comércio justo, a educação e o mercado de trabalho. Afirmou que é necessário trabalhar para garantir que as PME se integram nas plataformas digitais, para obter um tratamento justo do mundo digital. Devíamos concentrar-nos, disse, em encontrar formas de gerar benefícios nas economias locais e nas pequenas empresas.

Boas práticas no domínio digital para a criação de emprego

  1. Daniel Baudry, Diretor do Cluster da Liga Digital, Conselho Regional de Auvergne-Rhône-Alpes

Daniel Baudry é diretor de uma organização sem fins lucrativos que reúne cerca de 500 empresas digitais da região. Salienta-se que todas estas empresas não só continuaram a desenvolver a sua atividade durante a crise, como acabaram por desempenhar um papel fundamental no favorecimento de outras atividades económicas. Para o diretor do Cluster, as empresas digitais estão muito preparadas, sendo muito ágeis, capazes de delegar tarefas e saber cocriar de uma forma única e, assim, têm conseguido ajudar empresas de outros setores a encontrar soluções inovadoras. A pandemia, explicou, despertou o interesse de muitas empresas que antes não se preocupavam com o mundo digital e que, agora, perceberam que com a presença online são mais resilientes. Assim, a crise sanitária criou uma sinergia interessante entre as empresas digitais e não digitais. Para Daniel Baudry, as empresas de TI não devem trabalhar sozinhas e isoladas. Devem trabalhar com o resto do mundo económico e procurar soluções em conjunto com empresas de outros sectores. O mundo digital deve proporcionar concorrência e novas soluções, e aprender com outras empresas, apostando na inovação. O diretor destacou ainda a importância da formação dos jovens e que as pessoas possam ter acesso à formação digital. Neste sentido, apresento o Campus Numerique da Região, uma universidade que acolherá 5.000 alunos focados na formação digital. É a grande aposta da região e da cidade de Lyon para um futuro próximo, com o desejo de se tornar o principal centro digital da Europa.

2.º Alejandra Torres, Secretária de Planeamento, Modernização e Relações Internacionais do Município de Córdoba, Argentina.

Alejandra Torres iniciou a sua intervenção negando a percepção tradicional de que a tecnologia destrói o emprego e, por isso, é uma ameaça à criação de emprego. A história, explicou, mostrou o contrário. Defendeu, por isso, que no contexto atual, a transformação digital é uma necessidade económica, mas também uma oportunidade para dinamizar a democracia. Para o representante da cidade de Córdoba, o estado e a administração não devem ser um obstáculo à criação de emprego do futuro, mas – com um compromisso digital ágil e eficaz – devem ser co-criadores de emprego. É fundamental, disse, procurar a articulação com o setor público dos parceiros digitais, por mais disruptivos, dinâmicos e corajosos que sejam para recomeçar. Como exemplo deste compromisso, explicou que a sua autarquia decidiu eliminar o correio postal. O compromisso digital permitiu também agilizar todo o processo municipal. Para um empresário que pretende construir um edifício em Córdoba, foram necessários dois anos para demolir o edifício existente. Ao rever os procedimentos, conseguiram reduzir processos longos e tortuosos, passando a ser mais simples e passando para prazos inferiores a dois meses. É um exemplo que elimina a obstrução dos projetos por processos longos. Assim, Córdoba lidera o caminho para ser uma cidade digital, com processos que não impedem projetos de geração de atividades, mas sim facilitadores.

3.º David Ferrer, Secretário-Geral das Políticas Digitais do Governo da Catalunha.

O gestor digital da Generalitat da Catalunha explicou que foi criado um ministério regional para fazer face ao desafio tecnológico. O plano governamental pilota 5 eixos: cidadania digital e protegida, promoção de territórios coesos e cidades inteligentes, cibersegurança e inovação digital para a nova economia. Devido ao dinamismo da sociedade catalã, mas em parte devido a este compromisso, durante o ano de 2020, o crescimento do sector tecnológico foi superior a 15 mil postos de trabalho, o que representa um crescimento superior a 30% anualmente. Para David Ferrer, é necessário um ecossistema para acompanhar a geração deste talento: universidades com bons programas (disse que acabavam de apresentar um diploma universitário em Inteligência Artificial), iniciativas importantes que sejam um impulso económico, estratégias para atrair talentos e, em geral, uma abordagem holística de todo este universo. Para o governo da Catalunha, disse, a colaboração público-privada é fundamental. A participação das empresas é tida em conta nos programas que são promovidos. As empresas ajudam a desenvolver a ‘requalificação’ dos profissionais e as universidades são induzidas a orientar os seus cursos para aquilo que o sector, que tem um défice significativo de profissionais, pede. Entre os programas que estão a ser realizados na Catalunha, o Secretário-Geral destaca o Plano WomenTIC, um conjunto de atividades que visa promover e reconhecer o papel das mulheres no domínio das tecnologias de informação e comunicação.

4.º Ana Vitorica, Chefe de Transformação Digital da Direção de Empreendedorismo, Inovação e Sociedade da Informação do País Basco.

Para o chefe da digitalização do Governo de Euskadi, a pandemia serviu para demonstrar que a digitalização não é apenas importante, mas urgente. Afirmou que devemos encarar o desafio digital como uma oportunidade e que o seu governo, em qualquer caso, estava obcecado em lutar pela igualdade de oportunidades neste ambiente. Todas as nossas iniciativas, referiu Ana Vitorica, assentam na sensibilização da nossa população para a importância da resolução digital. Assim, apresentou o projeto Ikanos, uma iniciativa guarda-chuva, aberta, com colaboração, para que possa ser replicada num ambiente das regiões e dos problemas locais. O governo basco desenvolveu, assim, 14 ferramentas, que são partilhadas no seu site, utilizando o quadro conceptual Digcomp, que define o que são competências de gestão; informação, segurança, gestão de conteúdos, inovação. Ikanos é uma iniciativa emblemática do Governo Basco para divulgar as competências digitais, garantir que são tidas em conta e facilitar o seu progresso e acreditação a toda a sociedade. Este modelo descreve um processo de melhoria com um roteiro personalizado para dar passos em direção a objetivos próximos da realidade e apoiados por ferramentas muito práticas baseadas no quadro conceptual DigComp da Comissão Europeia. A nossa proposta de valor acrescentado, conta com etapas, ações e ferramentas personalizáveis ​​para cada pessoa. No site pode responder a um questionário de avaliação e, na área empresarial, estes resultados podem ser utilizados para fazer um plano de negócios. “Somos, concluiu o representante basco, aquela gota de água que permite a cada pessoa e empresa melhorar e cultivar as suas competências.”

5.º Tim Luan, diretor da Innoway, uma agência de inovação em Pequim, China.

O diretor da Innoway iniciou o seu discurso afirmando de forma contundente que as possibilidades de criação de negócio graças às plataformas digitais são infinitas. Explica que a China está a preparar-se: estão a ser criadas estações 5G e centros de dados para lançar as bases para a nova realidade digital. Tim Luan expõe, por isso, a experiência chinesa para aproveitar as oportunidades digitais na criação de emprego. Explica que 80% dos unicórnios (startups tecnológicas que atingem uma avaliação superior a mil milhões de dólares) em todo o mundo são chineses e americanos. Em 2011 e 2012 eram muito poucos, e agora, na China, -disse- dispararam. Isto porque, segundo Tim Luan, a China conhece as oportunidades do meio digital. Situa o início deste conhecimento em 2003. A China, explica, já teve de enfrentar a pandemia de Sars, que não atingiu a escala global. Esta situação levou, por exemplo, ao crescimento exponencial do Alibaba, um e-commerce que se tornou a única opção para quem precisava de comprar digitalmente. A partir daí, explica o diretor, as pessoas começaram a vender os seus produtos através da internet. Esta é a história de um e-commerce que, hoje, é uma plataforma muito popular. Um dos promotores do Alibaba atingiu uma fortuna de 9 mil milhões. Isto dá uma ideia, diz Tim Luan, das oportunidades e negócios que podem ser criados através das plataformas digitais.

6.º Laura Jure, Ministra da Promoção do Emprego e Economia Familiar do Governo Provincial de Córdoba. Argentina.

O ministro de Córdoba explicou que o governo provincial de Córdoba centra as suas políticas económicas na promoção do emprego com grande ênfase na formação profissional e no desenvolvimento empresarial, áreas fortemente determinadas pelas tecnologias. Para garantir que esta política é bem sucedida, afirmou, todas estas políticas são desenhadas com o sector privado. Para o programa de formação e formação profissional, disse, foi criada uma unidade executora multidisciplinar com a participação das universidades. O programa combina a formação com a prática profissional durante 12 meses, aumenta as competências, incorpora os jovens e procura a mobilidade do capital humano. O destino do público-alvo é permanecer nas empresas onde estagiou, mudar para outras ou iniciar os seus próprios projetos. Em suma, para o governo provincial de Córdoba, a educação, a formação e o emprego são a chave para o desenvolvimento sustentável e inclusivo. O ministro afirma que, assim, a luta deve ser travada para que os cidadãos não sejam apenas utilizadores, mas criadores e desenvolvedores de tecnologia. Para Laura Jure, as administrações devem proporcionar todas as facilidades para esta revolução digital.

7.º Mohammed Sadiki, presidente da Câmara de Rabat e membro do Conselho da Região Rabat-Salé-Kénitra, Marrocos.

O presidente da Câmara de Rabat explica que a pandemia da COVID-19 obrigou a sua cidade e a região a integrarem-se no mundo digital. Explicou que, com o confinamento, tiveram de descobrir como trabalhar remotamente. E descobriram também que o digital, ao contrário do que se pensava, cria trabalho. Na esfera digital, afirmou, íamos a uma determinada velocidade que se acelerou com a covid-19. Tornou-se uma solução durante e após o confinamento, para reativar a economia. Confessa a sua convicção de que não estavam suficientemente preparados, mas que foi criada uma agência digital que promoveu diversos sectores electrónicos e digitalizou toda a função pública. Neste sentido, explica que, agora, qualquer ato pode ser realizado e enviado em ambiente digital. Foram também desenvolvidas autorizações fornecidas pelos municípios em formatos digitais. Mohamed Sadiki, também membro do Conselho Regional de Rabat Salé Kénitra, explica finalmente que o trabalho remoto lhes permitiu continuar a trabalhar com parceiros de todo o mundo, descobrindo novos parceiros. Afirma ainda celebrar que a cultura tem um lugar na esfera digital. Mohamed Sadiki conclui que, no final e após os danos da pandemia, o digital contribuiu enormemente para o desenvolvimento económico da região e das “nossas vidas”.

Como combater o fosso social e territorial.

Elba Fuster Figuerola, especialista técnica em cidades inteligentes do “Centro Global de Singapura” do PNUD.

A intervenção de Elba Fuster é o prólogo introdutório para que os oradores possam debater como combater a exclusão digital, tanto a nível social como territorial. Assim, expõe alguns elementos a ter em conta na concepção de políticas que possam evitar a exclusão digital: 1. “O digital não é tudo”, é uma ferramenta que não pode funcionar sem um suporte ou design mais holístico. 2. “Acesso e design”, quando se faz uma transformação digital é muito importante conhecer o utilizador e se este tem acesso à internet, e os seus hábitos de utilização. 3. “Governação”: desenvolvimento regulamentar, geração de procura e implantação de infra-estruturas. Para a tecnologia do PNUD, a transformação digital não deve amplificar as dificuldades económicas que já existem. Em primeiro lugar, há que ter em conta que esta transformação faz parte de uma política mais vasta, numa lógica em que a “educação como sistema” é privada. Assim, é muito importante que as novas gerações adquiram as competências necessárias às economias de muitos países. Em segundo lugar, Elba Fuster sublinha que o acesso e o design são muito importantes na concepção das políticas e especialmente das administrações públicas. Saiba quem é o seu utilizador, se tem acesso aos dispositivos, quão acessível é e a que dispositivos se está a ligar. Na concepção do processo, esta informação é fundamental, tendo também em conta o factor género, não é em vão que a penetração da Internet entre as mulheres é menor do que entre os homens; Ou não têm acesso, ou não têm formação ou não têm os dispositivos para o fazer. Em terceiro lugar, o desenvolvimento regulamentar, a geração de procura e a implantação de infra-estruturas são muito importantes; mudança interna, tendo em conta a formação a longo prazo; e governação multinível, criação de mecanismos de informação e colaboração entre entidades de diferentes níveis, para evitar duplicação de esforços e alinhamento de programas. As ferramentas digitais devem fazer parte de uma política mais vasta, como evidenciam os dados que mostram um declínio na qualidade da educação, mesmo para os alunos com acesso a computadores. Por todas estas razões, Elba Fuster salienta que é necessário desenhar políticas que cheguem a todos os cidadãos, com acesso diferenciado às ferramentas digitais.

Ações para combater a clivagem digital.

Alejandra Torres, da Câmara Municipal de Córdoba, afirma que a exclusão digital combate-se com conectividade e acessibilidade. É também fundamental, diz, trabalhar na área da educação, abordando as competências socioemocionais, a aprendizagem permanente, o desenvolvimento do pensamento crítico, que passam por facilitar as capacidades de integração do indivíduo nos seus ambientes. Para Alejandra Torres, o segredo está em influenciar os jovens, pois caso contrário dificilmente conseguiremos reduzir o fosso social.

Ana Vitorica, do Governo Basco, destaca a necessidade de as pequenas empresas aderirem ao mundo digital, como estratégia para eliminar a exclusão digital. O grande desafio, explica-se, é apoiar a pequena e média indústria, onde operam as empresas bascas, a aderir à revolução 4.0. A aceleração, os casos de uso, a experimentação, a transferência de I&D para as empresas para que sejam espaços de experimentação são essenciais. Devemos também garantir que o desenvolvimento do 5G chega a todas as empresas industriais. O Governo Basco pretende, assim, aproveitar a aprendizagem das grandes empresas e dar feedback a todos os seus sectores socioeconómicos. Neste sentido, destaca-se um serviço de formação e ‘estágio’ para gestores de pequenas empresas no País Basco, onde abordam as tecnologias 4.0 e descobrem que podem realizá-lo nas suas empresas. Este apoio às empresas, explica Ana Vitorica, deverá ter impacto na melhoria da vida das pessoas.

Tim Luan, diretor da Innoway, explicou que, em Pequim, estão a combater a exclusão digital criando espaços para novos centros digitais e novas tecnologias. Sublinha, no entanto, que no seu país os cidadãos estão muito interessados ​​nesta revolução digital, sobretudo os jovens. Para Tim Luan, há muito espaço livre para as gerações mais jovens e estão ansiosas por experimentar novas aplicações. Tudo isto faz parte de um boom em que a China avança com tecnologia de ponta em bases de dados e tecnologia, e agora, em inteligência artificial. É um desafio garantir que toda a população possa participar. Os jovens, porém, estão a tomar as rédeas e a romper todas as limitações e lacunas. Graças ao elevado volume de utilizadores no meio digital, o fator territorial, por exemplo, é cada vez menos uma limitação. Salienta, em todo o caso, que existe uma grande preocupação com a privacidade em todo este novo mundo, mas que está a ser desenvolvida legislação nesse sentido.

Mohamed Sadiki, presidente da Câmara de Rabat, explica que, tanto na cidade como na região, existe uma cobertura e um acesso muito bons às redes digitais. Na região, a cobertura foi alargada para um território muito extenso. Durante a crise pandémica, têm-se verificado bons resultados. Quando as escolas e outros centros foram encerrados, as autoridades investigaram se os alunos estavam a acompanhar as aulas ou se podiam fazer compras e, sim, isso foi conseguido. Tanto em Rabat como em toda a região, todos têm igual acesso à Internet. Assim, durante a pandemia, foi possível substituir o ensino presencial pelo ensino online.

Conclusões

Juan Carlos Díaz, responsável pelas Políticas de Desenvolvimento Territorial do Fundo Andaluz dos Municípios de Solidariedade Internacional, FAMSI. Devemos partir dos dados iniciais que o secretário da ORU, Fogar, levantou: quase 500 milhões de empregos foram destruídos devido à pandemia. A revolução digital, claro, pode impulsionar o emprego. Em primeiro lugar, foram destacados quatro elementos: o acesso, a democratização, a garantia de acesso das pessoas e das empresas. Segunda dimensão: educação e aprendizagem. Num sentido lato, muitos oradores salientaram que a educação deve ser orientada para o emprego, com conteúdo académico, mas dual (prática, teoria e apoio). A aprendizagem empresarial, por outro lado, com alianças entre o mundo empresarial e o mundo académico, é também essencial. Terceiro elemento: adaptação a este cenário das pessoas e das empresas tecnológicas e tradicionais. Quarto elemento, governação e colaboração público-privada-academia. É claro que os processos, as regulamentações e as infraestruturas devem ser acauteladas para que, a partir das instituições, esta revolução não só não seja bloqueada, como seja facilitada. Foram identificadas muitas oportunidades: acesso remoto, comércio eletrónico, redes de conhecimento, troca de experiências, novas oportunidades de negócio, comércio e turismo. Qual é o desafio? Garantir o elemento redistributivo desta revolução nos territórios, nos setores e nos grupos. Todos os atores estão envolvidos na superação deste desafio. Sublinhou-se que, em qualquer caso, o papel dos governos é fundamental, pois, com procedimentos por vezes lentos ou obsoletos, podem bloquear processos de mudança. E foi também realçada a importância dos governos nacionais, regionais e locais para a implementação de infra-estruturas e para o desenvolvimento de competências profissionais que devem permitir o progresso.